segunda-feira, 20 de abril de 2015

Educação


Muitos têm dito que a educação é a sua paixão, se tantos o dizem o que tem a educação de extraordinário para manter tantos apaixonados ao longo da história da humanidade? Bem a educação pode ser o projecto de uma vida, o projecto de um povo, o projecto de um país, o projecto de um estado, o projecto de uma comunidade e deve ser o projecto de cada um de nós. Por se definir nesta fronteira projectiva, ou seja, no espaço que ainda não é, mas que somos capazes de antever como será, apaixona. Faz surgir em cada um o melhor, permite sonhar, orienta a nossa acção e em muitos é tão forte o seu desejo que fazemos dela profissão e serviço. Na antiguidade clássica, os povos helénicos, definiam-na como PAIDEA, processo de formação a partir do qual a natureza humana se aperfeiçoava e desenvolvia no sentido da “arete”. A virtude, “arete”, era para os gregos o conjunto de qualidades e capacidades que permitia distinguir os melhores e mais capazes para o serviço à comunidade. Os “aristoi” eram desta forma os mais bem preparados e capazes para o governo da polis. Este conjunto de preocupações era tão levado a sério que Platão escreveu várias obras sobre o assunto, culminando no diálogo entre Sócrates e outros tantos “aristoi” na “República”. Se o principal problema do debate, nesse longo diálogo, é a justiça, a conversa alonga-se porque se percebe de modo claro a relação entre os processos de formação e educação e a possibilidade da justiça. Quer isto dizer que sem a formação adequada os que servem a cidade têm dificuldade em exercer um governo da coisa pública que garanta a prática da justiça . Claro que nos dias de hoje o que mais nos preocupa são as tecnologias ao serviço de todo o tipo de desenvolvimento capaz de se transformar em ganhos financeiros e económicos. Ou seja, para nós a educação é pouco o processo geral de formação de homens e mulheres capazes de sentido e serviço à comunidade e mais o processo de formação de homens e mulheres, mais homens, capazes de resolver o problema x ou y que impede o ganho contabilizado e previsto. A educação tem perdido a capacidade de ser formadora e parece esgotar-se em ser empregadora, portanto como não podem existir desempregados licenciados, sejamos eficientes e reduzamos a hipótese dessa realidade, reduzindo o número dos que são educados, ou seja, dos que estão matriculados. Por outro lado, se os currículos nos fizerem aprender pouco tanto melhor, como são poucos os que na escola estão, a relação entre eficiência do sistema e resultados finais será sempre economicamente viável e, portanto, um caso de sucesso. Tudo isto a propósito de sistema educativo português, da sua eficiência e das suas finalidades, porventura semelhantes ao que os helénicos apelidariam de “arete”!

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